sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Sobre a Wicca




WICCA: A RELIGIÃO DA GRANDE DEUSA

Por Bruno Matsushita

A Wicca é uma religião neopagã centrada no equilíbrio do homem com a Deusa e o Deus, através da natureza e suas leis, aceitando inclusive técnicas de Magia. A Wicca possui milhões de adeptos em todo o mundo (estima-se que sejam mais de 17 milhões) e está em franco crescimento no Brasil.

Muitas pessoas ainda têm uma visão equivocadas sobre a bruxa, sendo, na maioria das vezes, extremistas. Ou acreditam numa bruxa feia, má, com um verruga no nariz que cozinha criancinhas em seus rituais demoníacos; ou acreditam numa bruxinha graciosa que solta purpurina por onde passa. Mas quando conhecemos uma bruxa de verdade, fora dos contos de fadas e livros inspirados, vemos que ela é uma pessoa comum e não é nada daquilo que pensávamos ser – ou nos fizeram acreditar. As bruxas são belas, inteligentes, usam os poderes das ervas e cristais, não fazem mal a nenhum ser vivo, algumas entram na igreja e a maioria tem paixão por crianças – e não é para cozinhá-las!

"A Wicca é uma religião festiva que brota de nossa união com a natureza. Ela nos une às Deusas e aos Deuses, às energias universais que criaram toda a existência. É uma celebração da vida, positiva e pessoal.”
Scott Cunningham


A palavra Wicca, segundo alguns estudiosos, deriva do inglês arcaico witche (correspondente a “bruxa”) ou wit (correspondente a “astúcia, sabedoria”). A Wicca é uma religião que visa resgatar a cultura dos antigos povos celtas, que viveram espalhados pelo continente europeu há 4 mil anos.

Por estar muito ligada à Natureza e seus moradores, a Wicca também está associada ao Xamanismo, prática indígena nativoamericana que prega a ligação do homem com a Divindade através do equilíbrio com a natureza e suas forças, datando dos tempos mais remotos da Humanidade, quando ainda dávamos os primeiros passos sobre a Terra. O termo xamã (o líder do grupo que ficava a seu cargo contatar os espíritos, hoje poderia ser considerado um “bruxo”) tem origem no vocábulo siberiano saman, muito parecido com o termo sânscrito sramana que significa “inspirado pelos espíritos”.

Como vimos, os bruxos sempre estiveram presentes sobre a face da Terra, mesmo que recebendo outras denominações. Uma das vertentes mais populares da Bruxaria é a Wicca, que foi popularizada por Gerald B. Gardner, mais precisamente em 1954, com a publicação do livro Witchcraft Today (A Bruxaria Hoje), na Inglaterra, pois até 1951, a Bruxaria era proibida por Lei. Hoje, a Bruxaria se divide em muitas Tradições, mas a principal expoente da Wicca e responsável pela popularização da Arte é a Wicca Gardneriana, Tradição criada sob os pensamentos e conceitos de Gerald Gardner. Cremos também que o estado natural das coisas é o equilíbrio. Tudo depende da união das polaridades: masculino e feminino, bem e mal, claro e escuro, e assim por diante, para que as coisas se mantenham em total harmonia. Por isso acatamos o conceito de Deusa e Deus, simbolizando as duas grandes forças que movem toda a roda do universo.

Assim como muitas religiões orientais e vertentes pagãs, a Wicca adere à re-encarnação. A re-encarnação é a crença de que o espírito pode voltar a este plano existencial, encarnando diversas vezes, para se aperfeiçoar e evoluir; essas re-encarnações geralmente são ligadas a uma missão. Para nós, a morte neste plano material é apenas um renascimento em um outro lugar, esse era o motivo das grandes festividades celtas em homenagem aos mortos serem repletas de danças, músicas e alegria (não um voto de silêncio, um luto silencioso).

Embora existam muitas Tradições dentro do caminho da Bruxaria Wicca, grande parte dos wiccanianos (denominação que recebe os praticantes da Wicca) são bruxos solitários – por opção ou por não encontrarem pessoas sérias para trilharem juntas este caminho fantástico. Claro que existem vantagens e desvantagens em não ser (ou não) integrante de um coven (denominação de um grupo de bruxos). A desvantagem é que não temos com quem trocar informações e experiências e a vantagem é que estamos livres para seguir nosso ritmo e estudar aquilo que nos atrai mais, podendo, inclusive, fazer uma amálgama de conhecimentos que falam em nossos corações. Quando seguimos o caminho solitário, podemos incluir deidades gregas, hindus e até mesmo angélicas em nossos rituais e não apenas deidades celtas, como pregam algumas Tradições. Também rola muita confusão na questão de divindades dentro da Bruxaria. Alguns praticantes acreditam que apenas divindades celtas podem ser adoradas dentro da Wicca, outros acreditam que divindades gregas, romanas e hindus também podem ser honradas, outros ainda não acreditam em anjos, abolindo-os de seus panteões ritualísticos. Acredito que toda forma de energia é válida e divindades não se importam muito com o nome que damos à elas. São nomes. Apenas nomes. E se ela se importa com algo tão banal e humano quanto um nome, significa que ela não é tão evoluída assim para ser uma divindade. Por isso, não importa se você trabalha com divindades célticas, romanas, gregas, hindus, egípcias, católicas ou angélicas, o importante é trabalhar com essa força criativa poderosa. Quando seguimos o caminho solitário, temos o poder para decidir em que acreditar, desde que esses conhecimentos sejam reconhecidos em nossos corações e trabalhe dentro da linha da construção, a linha do amor universal.

Mesmo com tantos outros bons atributos, grande parte dos wiccanianos, pelo menos aprincípio, entra para a Wicca fascinados pela prática da Magia. Dentro da Wicca, a prática de rituais, encantamentos e sortilégios são tidos como comuns, pois é uma maneira de unirmos-nos às energias primordiais, às energias da Deusa e do Deus. Um ritual nada mais é que o ato de colocarmos nossa vontade sobre o plano divino, atraindo para nossas vidas o que desejamos. Vale ressaltar que a Magia não é sobrenatural. Pelo contrário. A Magia é natural, principalmente dentro da Wicca, pois trabalhamos com a natureza e suas manifestações.

Muitas pessoas possuem uma visão equivocada a respeito da Wicca, acreditando que ela é uma religião satanista ou que apenas mulheres podem participar. Vamos esclarecer esses mal-entendidos...

Os wiccanianos não creem no demônio, pelo menos não no demônio exposto pela Igreja Católica, pois acreditam que ele seja apenas mais um personagem da Igreja para aterrorizar ou manter cativos seus fiéis, sendo, portanto, criação de uma sociedade judaico-cristã. Eu particularmente também não creio no demônio como o pintado pela Igreja, mas acredito que existam outras “forças” capazes de fazer o papel da tal besta apocalíptica. Sendo ou não uma criação da Igreja, vale ficar de olhos bem abertos com algumas “armadilhas” que esses espíritos menos evoluídos tentam nos pregar de vez em quando... Daí a importância de se praticar apenas o bem, executando ações que expressem amor, pois cremos que semelhante atrai semelhante e se você lida com energias amorosas e benéficas, com toda a certeza você atrairá apenas espíritos nessa mesma vibração.

Quanto ao fato de algumas pessoas jurarem de pés juntos que apenas mulheres podem fazer parte da Wicca, posso garantir que é apenas um mal-entendido. A Wicca é uma religião matrifocal e não matriarcal. Quando dizemos que uma religião é matrifocal, estamos afirmando que ela tem foco no feminino, e não que apenas mulheres podem participar. Uma religião matriarcal é uma religião governada (praticada) apenas por mulheres.

Depois do advento do Cristianismo, nosso lado feminino foi abafado por uma série depreconceitos ridículos, e, infelizmente, ainda carregamos sobre as costas esse fardo equivocado e completamente inútil. A Wicca visa resgatar esse nosso lado esquecido, mas que ainda vive dentro de nós, nossa “essência feminina” (isso, antes que você rode a baiana, solte a macaca e pule das tamancas, vou logo explicando: tem a ver com energia e não com sexualidade). Dentro da Wicca trabalhamos com a energia da feminilidade, nosso foco é o feminino, mas homens emulheres podem – e devem! – usufruir de seus benefícios.



Texto publicado originalmente no periódico A Voz da Bruxaria, ed. 01, outubro de 2008. Revisado e expandido pelo autor em janeiro de 2010.

3 comentários:

  1. excelente a sua abordagem. parabens
    a bruxa sniff

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  2. OLHA TNHO 14 ANOS E ESTOU AGORA COMEÇANDO A CONHECER A WICCA E SEI QUE NADA DISSO É BRINCADEIRA .POR FAVOR SE PUDER ME ADD NO MEU E-MAIL GOSTARIA MUITO DE CONVERSAR COM ALGUEM QUE PRATIA A WICCA A MAIS TEMPO QUE EU
    ME ADD Lucas.harry.potter@hotmail.com

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  3. Olá... tenho lido mto sobre a WICCA, gostaria de ser inciado e quero ser um bruxo solitário, praticar rituais. Adoro estar próximo a natureza, principalmente nas hrs difíceis.informações como conseguir meus objetivos (iniciação, prática, etc).. Um grande abraço.
    orkut: Kleber Pototski

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