segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Dogmas da Wicca


DOGMAS WICCANIANOS
Por Bruno Matsushita

A Wicca é uma religião que repassa um conhecimento milenar e poderoso que, infelizmente, pode ser utilizado tanto para o bem quanto para o mal (pois quando executamos um ritual trabalharmos com energias, e energia não tem carga – ela não é boa e nem má, ela apenas é). Partindo desse princípio, surgiu a necessidade de estabelecer um “Código Moral das Bruxas”, dogmas aceitos na maioria esmagadora das Tradições wiccanianas:

I. Faça o que desejar, mas sem a ninguém prejudicar.

Principal dogma wiccaniano, esta primeira Lei nos ensina sobre ética e responsabilidade. Na Wicca, procuramos sempre beneficiar a maior parte do todo. Quando vamos realizar algum ritual (ou qualquer outra atividade cotidiana) devemos sempre nos reportar e refletir sob re esta Lei, fazendo-nos a seguinte pergunta: “Se eu fizer esse ritual, irei prejudicar alguém?”. Sabemos que nem sempre é possível beneficiar todos com algum ritual, principalmente os de saúde, amor e prosperidade, mas é preferível beneficiar sempre a maior parte do todo.

II. Tudo o que fizer lhe voltarás triplicado.

A segunda Lei é muito antiga. Alguns magos não creem que tudo o que fizemos nos volta triplicado, mas eles creem na Lei do Retorno. Ou seja, triplicado ou não, tudo o que fizermos nos será devolvido. Acreditamos que tudo o que fazemos possui uma vibração, uma energia. Nós, bruxos, cremos que a Terra possui um campo áurico de energia que a circunda, esse campo não deixa passar nenhuma energia para fora desse campo áurico. Quando executamos alguma ação (mágica ou não) enviamos uma energia que percorre todos os níveis energéticos terrestres até chegar nessa “barreia”, o campo áurico da Terra, retornando a quem a enviou. Nesse período em que a energia é enviada e retorna ao seu emissor, algumas bruxas creem que essa energia se triplique. Daí o termo “Lei do Tríplice Retorno”.

III. Respeite a evolução alheia.

Nem todos estão no mesmo nível evolutivo. A Wicca, acima de tudo, é uma religião de amor e de respeito. E nós respeitamos a nossa própria evolução e a evolução do outro. Sabemos que cada um tem um ritmo, e esse ritmo deve ser respeitado. Não procuramos “seguidores”, muito menos forçamos outras pessoas a entrarem para nossa religião justamente por esse respeito à evolução dos outros. Sabemos que todo mundo tem um tempo e cada um tem seu cada um. Saiba respeitar a evolução de seu próximo, não criticando suas ações e evite tecer pré-julgamentos. Entenda que nem sempre as pessoas agem como o esperado, já que todas estão juntas num mesmo plano, embora com evoluções e missões diferentes.

IV. Seja humilde.

Na Wicca o aprendizado é constante. Nunca sabemos o bastante e sempre há algo de novo para aprender. Nós aprendemos com tudo, pois tudo é uma manifestação da Divindade. Aprendemos com o nascer do Sol, com a Lua Cheia, com a chuva que cai serena nos campos, com a ingenuidade de uma criança e até com o semblante de um idoso que já é sábio o suficiente para demonstrar muitas emoções com um simples olhar... Na Wicca a humildade é um processo fundamental para desenvolver o respeito. Todos somos irmãos (animais, vegetais e minerais) e somos humildes para reconhecer isso, pois também respeitamos a evolução de todos os seres – independente da forma que eles se encontram.

V. Jamais execute rituais que exijam algum tipo de sacrifício animal.

Por ser uma religião muito ligada à Natureza e todas as suas manifestações, a Wicca condena todo e qualquer tipo de sacrifício, pois encara isso como um ato de total crueldade e totalmente desnecessário. Afinal, é burrice ofertar uma coisa morta a uma Deusa que nutre a vida.

VII. Saber, ousar, querer e calar.

Essas quatro palavrinhas são velhas conhecidas dos antigos magos. É necessário ter um saber, um conhecimento, para praticar a Arte. Dentro da Bruxaria, se faz necessário ousar de vez em quando, pois a bruxa está sempre inovando, experimentando coisas novas, visando que esse desejo nem sempre é suprido por antigas fórmulas, levando, assim, a bruxa a desenvolver seus próprios feitiços e rituais. Precisamos também querer intensamente algo para que esse algoaconteça, sem força de vontade, sem o desejo, a bruxa sabe que nada consegue. O calar é umproblema para bruxos modernos, visando que vivemos em uma era onde o conhecimento nãotem limites e pode ser acessado de qualquer parte do planeta através da Internet e livros que são lançados diariamente sobre Bruxaria. Antigamente, em tempos mais escuros, os bruxos sentiam a necessidade de calar, pois estavam literalmente entre a cruz e a fogueira da intolerância (dos cristãos ou de outros bruxos). Hoje em dia já não temos a necessidade de calarmos e podemos espalhar a Magia aos quatro cantos...


Texto publicado originalmente no periódico A Voz da Bruxaria, ed. 01, outubro de 2008. Revisado e expandido pelo autor em janeiro de 2010.

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