terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Stonehenge do Brasil



Pesquisador do Observatório Nacional afirma ter encontrado "Stonehenge brasileiro"

O sítio arqueológico de Calçoene, no norte do Estado do Amapá, distante 384 km da capital Macapá, na latitude de +2 graus 37' (hemisfério Norte), tem várias pedras monolíticas que estão fincadas no solo, algumas com até quatro metros de altura.

São classificadas como menires (pedras) e do tipo cromeleque (em formato circular), encontrados em outros locais do mundo. O local está no alto de uma colina, e as pedras possuem pequena inclinação, relacionada com o movimento do Sol no céu, em um círculo de 30 metros de diâmetros. As pedras maiores estão num círculo de 20 metros.

Segundo dados do Instituto de Pesquisas Científica e Tecnológicas do Estado do Amapá (Iepa), o local foi descoberto por Emilio Goeldi em 1905, e data de 1.500 a 2.000 anos, sendo depois estudado pelo etnólogo alemão Curt Niemandaju, no início da década de 20. Na década de 50, o casal de arqueólogos norte-americanos Cliffords Evans e Betty Meggers também estive estudando o local, que fica distante 14 km do centro da cidade de Calçoene.

Mas tudo isso ficou no esquecimento por muito tempo e até muitos dos moradores nunca tinham ouvido falar do local. Só a partir de 2005/2006 é que o sítio arqueológico, que já está conhecido como "stonehenge brasileiro", e por interesse do Governo do Estado do Amapá, passou a ser estudado com detalhes pelos arqueólogos Mariana Petry Cabral e João Darcy Moura Santana, do Iepa.

O sítio foi catalogado pelo Iphan como Sítio Megalítico AP-CA-18. Segundo os dois arquelógos, foi encontrada a relação de algumas pedras monolíticas com o solstício de inverno (hemisfério Norte).

Mais recentemente, entre os dias 4 a 6 de dezembro, o físico Marcomede Rangel, do Observatório Nacional, um dos institutos do Ministério da Ciência e Tecnologia, foi ao local pela segunda vez e descobriu nova relação dessas pedras monolíticas com o fenômeno do equinócio. É o dia em que o Sol caminha perfeitamente na linha do Equador. Nasce a leste e se deita a oeste. O dia tema a mesma duração da noite.


É nesse ponto que o Sol passa de um hemisfério geográfico para outro, determinando o início das estações, que pode ser primavera ou outono, se o local estiver a norte ou a sul. Os povos antigos marcaram a data para suas atividades, um calendário, como época de plantar, colher etc, e até os períodos de chuva e seca.


Com o uso de teodolito, GPS, bússolas, trena e cartas magnéticas, Marcomede mapeou o local, com ajuda de estudantes do curso de turismo do Centro de Educação Profissional do Amapá (Cepa), na chamada "Expedição Calçoene", que integrou o Ano Internacional do Planeta Terra (AIPT), instituído pela Unesco. Ele já havia visitado o local em setembro passado, em companhia de Paulo de Tarso Gurgel, professor do Cepa, que esteve também nessa expedição, um dia antes do Equinócio, em 22 de setembro.

Com o uso de uma bússola de precisão e correção da declinação magnética, o pesquisador notou a relação com o Equinócio. Pediu, então, que Ulisses Silva, da Prefeitura Municipal de Calçoene, e Leilson Carmelo da Silva, conhecido como Garrafinha, capataz do sítio, observassem no pôr do Sol a luz penetrar numa pedra, com um buraco tendo o diâmetro de um palmo, e projetar a bola de luz, provocada pela luz solar, numa outra pedra, distante uns 15 metros, e inclinada. O resultado foi positivo.


Agora, nas medidas com o teodolito Kern DKM2-A, foi confirmado que nessas duas pedras passa a linha Leste-Oeste - a linha do Equador terrestre, que o Sol percorre nos Equinócios. Assim, segundo Marcomede Rangel, além do Solstício do inverno (hemisfério Norte), que é quando o Sol tem seu afastamento máximo da linha do Equador, também existe no sítio megalítico de Calçoene uma relação com os equinócios.

Com os dados obtidos será confeccionado um mapa do céu para identificar outras relações com estrelas brilhantes e a Lua, da mesma maneira como acontece com o conhecido Stonehenge, no Sul da Inglaterra.


Fonte: DHI/UEM - Departamento de História da Universidade Estadual de Maringá. Visite o site da instituição clicando aqui.

Um comentário:

  1. Ola boa tarde, achei muito interessante , o artigo , gostaria se voce teria mais material relacionado ao "Stonehenge brasileiro", pois sou universitario e tenho um trabalho para apresentar relacionado a esse sitio .

    desde ja grato.

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