Recebi o texto abaixo hoje cedo, enquanto caminhava na UEM, por uma aluna de Psicologia da mesma universidade. Não sou mulher e não faço a mínima porque ela me entregou essa folha, (embora acredite que a divindade saiba!) mas faço questão de passar adiante, pois é uma mensagem que não deve ser circulada apenas no dia da mulher, mas em todos os outros. Não podemos nos calar perante as barbáries que acontecem todos os dias (não só com mulheres, mas com negros, japoneses, homossexuais e qualquer outro tipo étnico) por medo. O medo é aterrorizante e paralisador, eu sei, mas temos que dar um basta nessa palhaçada toda, mesmo que não consigamos fazer o muito que desejamos, é possível fazer o pouco que podemos. Você escolhe.
Troco Rosas por Respeito
Por Paula Mariá
Por Paula Mariá
Classificados: Belas rosas semi-novas em bom estado de conservação, troco por igualdade, dignidade e respeito.
Oito de Março. Havia uma mulher no ônibus. Ela carregava uma rosa. Em um outro dia qualquer do ano essa mesma mulher foi estuprada, bem como uma a cada cinco mulheres do mundo será ou sofrerá tentativa. Aproximadamente 45% delas antes dos 18 anos. Essa mulher assistiu em muitos outros dias do ano, dentro da própria casa, a mãe apanhar do marido, cena que se repete uma vez a cada 15 segundos no Brasil. Todos os dias do ano essa mulher trabalha em um bom cargo de uma boa empresa, mesmo assim o rendimento médio dela junto ao de todas as outras mulheres economicamente ativas no país está 22% abaixo do salário dos homens.
Em qualquer dia e horário do ano, inclusive nesse, essa mulher sente medo. Medo de subir no ônibus e ter seu corpo molestado, medo de descer do ônibus e ter seu corpo abusado. Essa mulher sente medo em todos os lugares. Ao sair de casa, não importa o dia, essa mulher se cala diante das ofensas e do desrespeito dirigido a ela nas ruas. Por medo. Essa mulher não tem voz. Há muitos dias de muitos meses de muitos anos, essa mulher está impotente diante de um Estado que a controla e que, atualmente, tem apenas 9% dos cargos políticos ocupados por mulheres como ela.
A essa mulher ensinaram que ser frágil, infantil, manipuladora, falsa, estar satisfeita com seu corpo, julgar, detestar outras mulheres, negar suas reais necessidades são características femininas. E quando acreditou em tudo isso e agiu de acordo, ouviu que estava fazendo aquilo porque, afinal, era mulher.
Se essa mulher tivesse nascido na África, estaria entre as 6 mil meninas que sofrem mutilação genital diariamente. Se tivesse nascido na Índia, seria uma das 5 mulheres que são assassinadas por dia em consequência de disputas relacionadas ao dote.
Essa mulher não existe apenas no dia oito de março, ela existe todos os dias. Essa mulher não é uma só mulher, somos todas nós, de qualquer país, do mundo todo. E hoje nós estamos dispostas a trocar. Trocamos o mimo de um dia por algo bem mais barato, porém de pouca circulação: igualdade, dignidade e respeito.
Estatísticas:
Ministério da Justiça - Segurança Pública
Centro Feminista de Estudos e Assessoria
Fundação Perseu Abramo
Instituto Patrícia Galvão
A essa mulher ensinaram que ser frágil, infantil, manipuladora, falsa, estar satisfeita com seu corpo, julgar, detestar outras mulheres, negar suas reais necessidades são características femininas. E quando acreditou em tudo isso e agiu de acordo, ouviu que estava fazendo aquilo porque, afinal, era mulher.
Se essa mulher tivesse nascido na África, estaria entre as 6 mil meninas que sofrem mutilação genital diariamente. Se tivesse nascido na Índia, seria uma das 5 mulheres que são assassinadas por dia em consequência de disputas relacionadas ao dote.
Essa mulher não existe apenas no dia oito de março, ela existe todos os dias. Essa mulher não é uma só mulher, somos todas nós, de qualquer país, do mundo todo. E hoje nós estamos dispostas a trocar. Trocamos o mimo de um dia por algo bem mais barato, porém de pouca circulação: igualdade, dignidade e respeito.
Estatísticas:
Ministério da Justiça - Segurança Pública
Centro Feminista de Estudos e Assessoria
Fundação Perseu Abramo
Instituto Patrícia Galvão
Escrever sobre a mulher é sempre um desafio quando chega o 8 de março, pois não sou mulher e nem faço ideia de como é sê-lo. Então a tentativa soa pretensiosa, quase ofensiva. Mas não tenho como não faze-lo diante da data e de seu valor histórico.
ResponderExcluirE tenho que falar das mulheres que admiro, das que me deram apoio e sustento até aqui, sem as quais eu não teria vida, ou teria uma vida diferente. E tenho que falar das que lutaram por algo, famosas ou anônimas.
E falar das que hoje votam, dirigem, trabalham fora, rebolam até o chão e não sabem da trajetória que seu gênero teve e tem para chegar até aqui.
E que outras ainda estão nesta corrida, ultrapassando obstáculos gigantescos como os estupros coletivos de Danfur, ou a condenável prática de jogar ácido no rosto e colo das que tentam sair debaixo de suas vestes tradicionais.
Quero dizer que sou homem mas não sou inimigo pois vivemos em uma sociedade patriarcal e nela todos, homens-beta e mulheres, se submetem da mesma maneira aos líderes. E que eu tenho a opção, todo o dia, de escolher entre escalar o topo para lutar pelo meu quinhão ou permanecer na luta com vocês. E toda vez eu digo "sim" à luta.
Mas soará pretensioso isso também pois eu luto por um ideal e vocês pela vida. Mas sou apenas um homem e isso é tudo que posso oferecer.