Conheci a técnica do Vipássana através de uma amiga que estuda e ministra workshops sobre Metafísica aqui em Maringá, a argentina Virginia Damario, que se tornou uma grande amiga, é artista plástica e atualmente dedica-se à divulgação da Metafísica no Brasil e traduz livros do espanhol para o português. Tive a honra de poder revisar dois desses livros traduzidos pela moça - um sobre o mestre Maitreya e o outro sobre a meditação Vipássana.
Em outubro, a Virginia trará seu mestre, Juan de Dios, da Argentina para ministrar dois encontros no SESC de Maringá (as informações sobre o evento você encontra na postagem acima), sendo o primeiro sobre o senhor Gautama (Buddha) e o segundo sobre Vipássana. Abaixo, coloco um texto sobre a meditação Vipássana, extraído do livro "Vipássana: Nobre Caminho do Darma", de Rubén Cadeño, com tradução da Virginia Damario e minha revisão.
VIPÁSSANA
Por Rubén Cadeño
Vipássana é observar a realidade das coisas sem emoções, mentitas nem qualificações, sejam estas positivas ou negativas; é a vivência plena da autoobservação direita da realidade que há em nós e nos rodeia. Além de observar a realidade, é prestar atenção a como nos sentimos ante ela, seja agradável ou desagradável, e não reagir, mantermos equânimes . É ver as coisas com a “Mente de Cristal” – sem a “mente contaminada” –, na forma corrente como são, não como parecem ser, como as imaginamos, cremos ou nos disseram. É penetrar através da aparência das coisas até chegar à verdade última do assunto. É “ver com claridade”, desperto e consciente. É vivenciar a realidade dos assuntos em silêncio, sem pensar, sem conceitos, sem ideias pré-concebidas, sem comentar, sem nada, pura e simplesmente observando sem qualificar. Vipássana é a forma de observar sem explicar nada, porque quando não temos a “mente contaminada” podemos perceber como as coisas se explicam por si mesmas. Isto implica uma forma de viver, já que ao fazê-lo, aceitando as coisas pelo que são, e deixando-as ser de acordo com a realidade, então poderemos nos libertar do ilusório, o maya, o que nos prejudica e causa sofrimento.
Vipássana é a maneira de ver as coisas corretamente e a liberdade de ser, de maneira tal que não sejamos influenciados por situações externas nem internas, seja um Guru, mestre ou facilitador, autoridade familiar, política, social ou de outra índole, senão que estejamos olhando, observando e entendendo por nós mesmos sem autoridade. Com o Vipássana compreendemos as coisas tal como são e entendemos as pessoas tal como são. Portanto, não impomos nossas ideias, conceitos, pré-julgamentos e qualificações sobre nada. Se temos conceitos, ideias e definições, vemos as coisas e as pessoas de acordo com eles que são a “criação humana imperfeita”, em lugar de vê-las tal como elas são.
O Vipássana faz desaparecer a ignorância, a cegueira sobre as coisas, a autoridade externa e interna, as crenças, as imagens, os conceitos, os condicionamentos, as opiniões e ideias, já que estas nos influenciam e bloqueiam, impedindo-nos de ver com claridade o que é a Iluminação. Com o Vipássana, deixamos de atuar e reagir cegamente, inconscientemente; começamos a limpar a mente da contaminação de imagens e negatividades. Desta forma vamos nos liberando da má vontade, da ignorância, do ódio, das depressões, doenças, mentiras, agressividade e rancor.
Todos nós queremos e buscamos a fé, o saber, amar, sair da mediocridade, a cura, ter paz e perdão, porque vivemos sofrendo no temor, na ignorância, no ódio, na depressão, na mentira, na doença, na agressividade e no rancor; e pelo “Princípio de Vibração” irradiamos isto aos demais, impregnando os elétrons desses lugares e a aura das pessoas, desarmonizando-os. Este não é o “Plano Divino de Perfeição” que viemos realizar na Terra. Mas para poder nos libertarmos das aparências negativas que nos causam sofrimento, é preciso que conheçamos a origem do sofrimento, ir à raiz e resolver o assunto na base, extirpá-lo em sua origem, transmutá-lo.
Escapar, evadir, colocar paninhos quentes às situações negativas, não soluciona nada; temos que nos conscientizarmos quando elas surgem, observando-as. Ao fazer isto, a negatividade sozinha, por si mesma, começa perder força e, pouco a pouco, vai se transmutando até dissolver-se de vez. Isto parece mentira que se suceda de maneira tão fácil, mas não temos que apenas acreditar, temos que colocar em prática e convencermos-nos que funciona.
O objetivo do Vipássana é perceber a realidade, e nada mais real que nossos pensamentos e as sensações do corpo, a alegria e a tristeza, a saciedade e a fome, a satisfação e a frustração. Temos que observar como tudo isso vai e vem, aparece e desaparece. Temos que percebê-los, observá-los, sem contaminação da mente.
A Consciência de nossa “realidade” só se pode descobrir através da observação do Vipássana; mas temos que nos entregar, observar com plenitude. Não pode ter distração, porque então seguiríamos o mesmo jogo de sempre, em que a mente está desatenta, dando voltas em montes de assuntos, e por isso nunca chegamos a nada; andamos procurando alguém que solucione nossos problemas, aplicamos o Ensino e não obtemos resultados. O princípio é “conhecer-se, conscientizar-se de si mesmo”; isso é o que propõe o Vipássana. Somente observando-se chega ao autoconhecimento e com ele se produz a Realização, a Iluminação.
Vipássana é um examinar atentamente; é a comprovação, verificação, aperceber-se de algo, dar-se conta de um fato, do que se sucede, vendo-o realmente, sem agregar-lhe a fantasia da “mente contaminada”; sem os conceitos religiosos, políticos, sociais ou morais; sem imagens. Somente pela observação poderemos aperceber-nos da REALIDADE, o SER, o EXISTIR, a VIDA, a SANTIDADE, a ENERGIA e a LUZ.
A primeira coisa a fazer em tudo é observar, e isto precisamente tem que realizar em silêncio, explorando, ouvindo, sentindo, vendo, saboreando e cheirando conscientemente em atitude de alerta, sem chegar a nenhuma conclusão, sem definir, concluir, determinar ou segregar.
Vipássana é a essência de todas as filosofias e caminhos espirituais, a suma da espiritualidade, que vai além de qualquer pensamento, emoção subjetiva, do ser humano ou mestre. O mais sensato que existe. É uma das atividades mais importantes, angulares, determinantes para que possa ativar-se tudo o que se aprende em qualquer Sendero Espiritual verdadeiro.
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Espero que tenham gostado de conhecer mais sobre essa meditação denominada Vipássana e possam ir aos encontros organizados pela Virginia (e que estou tendo o prazer de poder ajudá-la). Se você não mora em Maringá ou proximidades e mesmo assim quer saber mais sobre a meditação, aguarde pois o livro de Rubén Cadeño será lançado no Brasil no dia dos workshops de Juan de Dios no Brasil e vendidos pelo blog Quatro Ventos e livrarias.
Um beijo,
~ Bruno Matsushita ~
Boa tarde...Por favor , existe algum retiro de meditação aqui em Maringá?..aguardo resposta gabicamargolima@ig.com.br Obrigada Gabi
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