terça-feira, 20 de outubro de 2009

Eros e Anteros


Caos, a Noite e Érebo só puderam se unir e procriar pela intervenção de uma força divina, eterna como os elementos do próprio Caos, pela intervenção manifesta de um deus que, sem ser propriamente o amor, tem como este, no entando, alguma conformidade.

Em grego, esse deus antigo, ou, antes, anterior a toda antiguidade, chama-se Eros. É ele quem inspira ou produz essa simpatia invisível e frequentemente inexplicável entre dois seres, para uni-los e procriar novas seres. A força de Eros se estende além da natureza viva e animada; ela aproxima, une, mistura, multiplica, varia as espécies de animais, de vegetais, de mionerais, de líquidos, de fluidos, numa palavra, de toda a criação. Eros é, pois, o deus da união, da afinidade universal. Nenhum ser pode fugir de sua influência ou da sua força. Eros é invencível.

No entanto, ele tem por adversário no mundo divino Anteros, isto é, a antipatia, a aversão. Essa divindade possui todos os atributos contrários aos do deus Eros: ele separa, desune, desagrega. Talvez tão salutar quanto Eros, tão forte e tão poderosa quanto ele, impede que os seres de natureza dissímil se confundam. Se por vezes semeia à sua roda a discórdia e o ódio, se prejudica a afinidade dos elementos, pelo menos a hostilidade que cria entre eles contém cada um em limites fixos e, assim, a natureza não pode voltar a cair no caos.


COMMELIN, P. Mitologia Grega e Romana. 2a. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

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